quarta-feira, 28 de abril de 2010

ENVIA, SENHOR, OPERÁRIOS PARA A MESSE.

Quando Jesus, comovido pelo cansaço do povo, convidou-o a rezar ao dono da messe para que mandasse operários para o trabalho da colheita, estava pensando em quem? Estamos bem acostumados a rezar pelas vocações sacerdotais. Parece, aliás, que sem padres não acontece nem a semeadura e nem a colheita. Em todo lugar ouvimos pessoas reclamar pela falta deles. Se as coisas não andam, a culpa é dos padres já cansados, que não dão mais conta das novidades e do trabalho, ou mesmo porque não há sacerdotes disponíveis para todo o serviço pastoral. Uma das maiores preocupações de muitos bispos é encontrar um número suficiente de padres para atender o povo. Esse tipo de reclamações e de apertos não são uma novidade.

Todos sentimos necessidade e obedecemos a Jesus: devemos continuar a rezar e a pedir santas vocações sacerdotais. No entanto acredito que o bom Mestre queria nos dizer muito mais do que só pedir padres. Digo isso pelo simples fato de que, ao longo da história do cristianismo, houve épocas melhores, se pensarmos na proporção entre padres e povo de Deus. Mas, também, houve épocas piores, se levarmos em consideração certas áreas de missão onde os padres eram poucos e itinerantes, sempre viajando, para poder atender os cristãos em regiões imensas, com extremas dificuldades de transportes e sobrevivência. Os missionários que morreram pelos esforços, doenças, naufrágios, acidentes deveriam ser considerados verdadeiros mártires da evangelização.

Em todas as circunstâncias o Senhor aproveita para nos mandar recados. Somos nós, distraídos e preconceituosos, que não entendemos. Também acredito que Ele, conheça muito melhor do que nós as necessidades da sua Igreja. Contudo devemos continuar a pedir para sentirmos também o nosso compromisso com a vitalidade da fé.

A falta de padres, por exemplo, obriga-nos a pensar uma igreja-comunidade diferente. De certa forma os padres ainda desempenham muitas tarefas, que podem ser realizadas por outras pessoas. Penso nas atividades administrativas, na manutenção das estruturas, tantas coisas práticas que outros podem fazer. Não é por acaso que, nos Atos dos Apóstolos, após ter escolhido os Sete que foram chamados de diáconos, os Doze, apóstolos, disseram que reservavam para eles a oração e o serviço da palavra. Porém não quero falar somente dos padres.

Hoje outra queixa geral é que faltam pessoas disponíveis para ajudar nas diferentes atividades da Igreja. Esses homens e mulheres não são também operários na seara do Senhor? Não podem, ou não deveriam, ser considerados operários aptos para ajudar na colheita?

É muito fácil reclamar da falta de padres e não ajudar justamente e, ao menos, nas tarefas que não precisam do ministério ordenado. E tem mais. O sinal maior e mais chamativo hoje é, inclusive, a gratuidade do serviço. Ajudar, colaborar, doar um pouco do seu tempo, do seu profissionalismo e competência nas mil atividades da própria igreja-comunidade, deveria ser uma alegria, além de uma oportunidade de testemunhar que temos coragem de nos apresentar por aquilo que somos: cristãos batizados católicos. Precisamos de muitos trabalhadores para os serviços nas nossas comunidades.

No entanto, se olhamos a messe da história, do mundo, da sociedade, dos pobres, ainda maior é o campo de trabalho. Nunca vai acabar o serviço. Pode parecer demasiado grande e difícil, mas não adianta esperar pelos outros. Precisamos todos arregaçar as mangas e transformarmo-nos em trabalhadores do Reino.
Vamos rezar, sim, pelas vocações sacerdotais e religiosas, e rezemos, também, para que cada batizado se torne aquela pitada de fermento que faz crescer a vida, aquela pequena luz que faz resplandecer a esperança.

Manda, Senhor, operários para a messe. Manda a mim também, porque a messe é grande e os trabalhadores são poucos.

Dom Pedro José Conti

Texto extraído do site: http://www.sav.org.br/?system=news&action=read&id=1767&eid=246, acessado em 28/04/2010, às 21h35min

segunda-feira, 26 de abril de 2010

TESTEMUNHO VOCACIONAL

É natural que, adolescentes e jovens em certo momento se perguntem: “Que buscarei para minha vida futura? Que ideais e porque caminhos me convém ir?” Além de investigar nos livros de estudos, certamente muitos deles observam as pessoas concretas como exemplos possíveis de ser imitadas.
A respeito, uma das passagens bíblicas que me impressionam por seu realismo e espontaneidade começa com uma pergunta, segue com um convite e uma breve convivência. Expressa uma pedagogia eficaz, que respeita profundamente a liberdade de quem procura recorrer seu próprio caminho.
- “Que buscais?”, pergunta Jesus a dois jovens, perto do rio Jordão.
O que se lê em seguida se pode denominar, com razão, uma “aula de mestre”.
Os jovens de hoje querem saber como vivem os “mestres”, tem interesse em particularidades das pessoas que lhes produzem admiração. No meio desta curiosidade, há uma busca da realidade mesma (coerência, verdade, sinceridade) do “ídolo” que supera as aparências.
A satisfação de busca destes jovens é mais completa quando o que é “desvelado” o é de maneira personalizada, sem artifícios. Justo aí, ocorrem excelentes provas vocacionais: os jovens, que já não suportam farisaísmos, são capazes de rechaçar ou abraçar para sí mesmos este ou aquele modo de vida.
Deus é quem chama e constitui seus ministros para a evangelização e a cura de almas na Igreja. É também claro que “os sinos dos projetos terrenos” são muito forte nos ouvidos dos batizados, obstruindo ou obnubilando muitas vezes a “Vox Dei” que está na brisa mansa (1Rs 19,12). Os espaços sociais carecem de silencio, de meditação e “sintonia” para escutar o chamado divino; ao menos  falta o silêncio interior. Porém Ele, como dono da Vinha, não a abandonará sem operários, Sua generosidade no chamamento se manifesta de múltiplas formas.
No processo de resposta à vocação ministerial não é estranha a presença de um mestre que, muito de perto, é como uma seta indicando a meta. Josué teve a Moisés como mestre, Samuel a Eli, Timóteo a Paulo… e assim por diante. O papa Paulo VI disse que o mundo moderno ouve mais às testemunhas que aos pregadores (E.N). João Paulo II reafirma a importância desse testemunho (PDV. 39), e é este o tema da mensagem de Bento XVI para o dia do Bom Pastor.
Eu tive a graça de contar com uma pessoa equilibrada, simples e orante em meus primeiros passos vocacionais. Ainda adolescente, me dispus a acompanhar-lhe algumas vezes em seus trabalhos de assistência às comunidades. Nestas oportunidades, mais que por suas palavras, me fez ver sua fidelidade e dedicação às pessoas sem esperar nada em troca, sempre disponível a ouvir e orientar sem arrogância, sem pressa, sem elucubrações… O referido sacerdote, ordenado por João Paulo II em 1980, não sabe o bem que me fez em seus “silêncios”, em suas aulas “práticas”.
            Em minhas atividades pastorais como seminarista sempre falei da vocação sacerdotal; como reitor do Seminário Menor procurei acompanhar aos vocacionados através de visitas às suas famílias, colégios e paróquias. Hoje -suponho- haverá algum deles (sacerdotes) para o qual aquelas visitas terão tido um significado positivo em sua decisão, mais que minhas palavras.
Evidentemente há muitos modos de chamamento ao sacerdócio ministerial, mas este processo, por assim dizer, “personalizado”, é evidente nas Sagradas Escrituras, e um dos mais eficazes na Historia da Igreja, até o dia de hoje. Se há sacerdotes que não vivem sua vocação, muitos mais são os que a vivem com intensidade de amor indiviso.
Creio que, nós sacerdotes, não devemos aparecer como uns “desencarnados” da realidade, angélicos ou artistas: fizemos uma opção pela qual entregamos a vida, sem temer a transparência de nossa humanidade, de nossos sentimentos, hábitos e limitações. Em tudo isto também haverá sinais de nossa configuração com Jesus Cristo a quem seguimos. O fundamental é que não nos falte amor e doação sincera ao que elegemos como ocupação neste mundo (Rm 8,35).
Então, queremos apresentar nossa “casa” aos jovens que perguntam: “Onde vives?”. Abrimos nossa porta para que vejam de perto em que consiste o “mistério” que envolve nosso “ministério”: estar no mundo sem ser do mundo. Que descubram eles mesmos a fonte de nossa alegria. Ao menor gesto de interesse, queremos dizer-lhes: “Vinde e vereis”.
Deixaremos que falem nossas ações, não nos distanciaremos; nossa vocação não é de “Mito”: em algum momento e sempre, o simulacro desaparece, e fica o que é. Na convivência com um ou outro jovem, já não seremos nós quem falaremos e sim Aquele em quem procuramos nos configurar. E, se algo em nós, mui humano e pouco divino, aparecer nesta aula prática não será motivo de susto para quem também viveu a circunstancia da debilidade. Não lhes passará despercebido nosso empenho na “messe” e, sobretudo, o encantamento que dedicamos ao Senhor. E, além disso, o Espírito Santo –protagonista maior- fecundará a boa semente nos jovens que buscam definir suas futuras ocupações.          
                       
                        (Pe. Crésio Rodrigues / Direito Canônico em Pamplona-España).
Texto extraído do site: http://www.sav.org.br/?system=news&action=read&id=1829&eid=17 em 26 de abril de 2010, as 16:23hs.

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Anápolis, Goiás, Brazil
Frade Franciscano Menor, da Província do Santíssimo Nome de Jesus do Brasil, licenciado em Filosofia pela PUC-GO, atualmente é estudante do Curso de bacharelado em Teologia, no Instituto de Filosofia e Teologia de Goiás - Ifiteg, Diácono em transição e Animador Provincial do Cuidado das Vocações Franciscanas.